DESENVOLVIMENTO
As preocupações sentidas por todos nós nos últimos anos, com a
quantidade de incêndios florestais, que anualmente devastam largas áreas das nossas matas, têm de conduzir à resolução, ou pelo menos, à minimização do problema. Os esforços feitos, até agora, têm sido centralizados essencialmente na detecção, prevenção e combate, com especial incremento de métodos modernos de extinção. De facto estes investimentos parecem não ter contribuído para uma menor frequência e dimensão dos fogos. Cada vez mais assistimos a incêndios, com prejuízos cada vez maiores e o problema parece estar longe de se resolver.Se colocarmos a nossa atenção no sentido de apetrechamento para o combate, torna-se possível resolver o problema. É pouco afirmar que são os pastores, os turistas, os caçadores e os incendiários os causadores de incêndios. É preciso que existam sistemas para evitar que os incêndios deflagrem. Para se compreender um pouco melhor esta definição, há que distinguir um fogo de um incêndio. Um fogo só se transforma num incêndio quando não se consegue controlar a sua evolução e é este o fenómeno que mais assusta o Homem. Um incêndio só acontece se o calor gerado ao queimar-se o combustível vegetal proporciona a energia necessária para que o fogo continue, podendo propagar-se por três vias: pelo solo, pela superfície ou pelas copas das árvores.
AS CAUSAS DOS INCÊNDIOS
Os incêndios podem ter origem natural ou podem ser provocados pelo Homem:
Incêndios Naturais
Os incêndios naturais provocados normalmente por relâmpagos podem propagar-se a áreas enormes, representando uma grave perda da riqueza natural. Os incêndios podem restringir-se à vegetação do sub-bosque e ter pouca importância, ou podem alastrar até ao estrato das copas e ter efeitos ecológicos desastrosos. Assim, não é de aconselhar uma protecção demasiado rigorosa contra os fogos nas florestas, pois também eles podem tornar-se um factor importante no equilíbrio dos ecossistemas. O fogo é pois uma necessidade para a vegetação quando os decompositores não conseguem degradar toda a matéria morta. De facto, o fogo pode substituir os decompositores e mineralizar mais rapidamente a matéria acumulada. Em algumas regiões o ciclo dos materiais pára, se os restos de matéria orgânica morta, nomeadamente as plantas, não é queimada, pelo menos, de 50 em 50 anos.
Incêndios causados pelo Homem
O
risco de ignição é constituído pela actuação de causas humanas e de faíscas. As causas humanas são de múltipla natureza, desde a simples inadvertência ou inconsciência das consequências possíveis de certos actos, até ao limite criminoso.Nas regiões tropicais, continua-se a praticar uma agricultura itinerante, com queimadas que provocam extensos estragos. Por outro lado, nas regiões temperadas, a falta de cuidado está na origem de numerosos incêndios. Na região mediterrânea, o aumento do turismo tem sido acompanhado de um incremento de incêndios. São todos os anos cerca de 200 000 hectares de mata que ardem.
Em Portugal a situação está a tornar-se preocupante. Anualmente, dezenas de milhares de hectares de mata são devastados pelo fogo. Em parte, são actos criminosos, pois dos muitos incêndios que se registaram no país, cerca de 30% resultaram de fogo posto e os outros são devido a simples imprevidências das pessoas que utilizam as matas.
A excessiva desflorestação da bacia do Mondego é a causa do enorme assoreamento que se regista no curso do rio e que há muito provocou o soterramento de mosteiros na região de Coimbra, como o de Santa Clara-a-Velha, e provoca ainda as cheias que inundam os campos do Baixo Mondego.
EFEITOS DOS FOGOS
Os efeitos dos fogos nas florestas são múltiplos e complexos, dependendo de factores tão variáveis como a grandeza, a intensidade, a época, a duração e a frequência dos fogos; as dimensões e a composição dos povoamentos; volume, concentração, distribuição e características do combustível; natureza e características do solo. A propagação dos incêndios deve-se, em parte, à falta de limpeza das matas e à escassez de aceiros, não permitindo a entrada de bombeiros, máquinas, viaturas e meios aéreos capazes de combater os incêndios.
A acção do calor desenvolvido sobre as plantas, animais e solo, tem consequências menos evidentes, algumas das quais não se revelam imediatamente ou são difíceis de detectar, constituindo acções deletérias ou alterações de natureza física, química, biológica sobre aqueles elementos.
Indícios dessas alterações são as camadas de material carbonizado existentes no subsolo, cicatrizes nas árvores, uniformidade etária dos povoamentos, relatos de exploradores.
CONSEQUÊNCIAS DOS INCÊNDIOS NOS ECOSSISTEMAS FLORESTAIS
M
Os incêndios são responsáveis por desequilíbrios biológicos que interferem com a estrutura e funcionamento do ecossistema florestalM
Os incêndios são responsáveis também por fenómenos de erosão do solo, alterações do clima e escorrência de água das vertentes, provocando o assoreamento do leito dos rios.M
Os incêndios têm impacte na vegetação, criando condições favoráveis ao desenvolvimento de certas pragas, aumentando a susceptibilidade do arvoredo.M
No que diz respeito a doenças verifica-se, após os incêndios, um aumento da agressividade por parte de alguns fungos e parasitas para com as espécies florestais.M
São ainda responsáveis pelo aumento da quantidade de dióxido de carbono na atmosfera, favorecendo um aumento geral da temperatura.
SOLUÇÕES PARA COMBATER OS FOGOS FLORESTAIS
Torna-se assim importante tomar medidas e soluções, de modo a acabar, ou pelo menos, minimizar a ocorrência de tão grande número de fogos. Assim, é necessário:
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Previsões meteorológicas fiáveis para prever situações "explosivas"6
Matas devidamente ordenadas com aceiros limpos6
Presença de vigilantes durante o tempo propício aos fogos6
Um bom enquadramento das missões necessárias e um mínimo de formação6
Maior disponibilidade a nível financeiro para angariar estruturas capazes de combater incêndios6
Sensibilização das populações para a prática da prevenção
Para além dos incêndios que consomem as florestas de todo o mundo, existem também outros factores de maior importância que contribuem para o enfraquecimento da qualidade de vida no nosso planeta, destruindo continuamente a grande fonte de riqueza natural que é a floresta (
Sabias que F , f , X ) . Os incêndios são pois uma parcela causadora deste facto que cada vez mais toma proporções assustadoras a nível ambiental, económico e social, agravando o problema da desflorestação ( Sabias que b ) que iremos abordar de seguida.
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