2000: um belo ano do
cinema brasileiro - um breve panorama - apesar de ter sido inferior a
1999, o ano de 2000 proporcionou belos filmes brasileiros. Sem um principal destaque como
unanimidade, a pluralidade da produção foi um ponto a favor. Tolerância,
o fim da crítica e um viés do cinema brasileiro - apesar de todas as
expectativas, o filme de estréia da Casa de Cinema apenas comprova o diagnóstico de
Paulo Emílio há 40 anos: tudo o que envolve o cinema no Brasil é coroado pela
mediocridade e pelo senso de subdesenvolvimento. Inclusive a crítica.
Decadência e
desencanto : uma singular revisão da infância em Os Três Zuretas -
o belo filme de Cecílio Neto rejeita a piada inconsequente que rege o típico
filme infantil para promover um retrato da infância extremamente pessoal com um profundo
senso de decadência e desencanto.
Babilônia 2000 -
o novo filme de Coutinho até certo ponto desaponta por acrescentar pouco a uma
estética do documentário já mostrada em Santo Forte.
Gladiador :
um filme político - por trás da burocrática aparência de
blockbuster de Gladiador, há um sutil comentário político sobre o patético jogo de
poder nos Estados Unidos e sobre a alienação do público.
A estética do
estranhamento em O Vento nos Levará : um filme de transição? - o
novo filme de Kiarostami incorpora um sentido de inércia novo em sua filmografia,
retratando o cineasta como um estrangeiro e utilizando o extracampo de forma a reforçar
sua alienação.
Chocolate :
um filme de Lasse Hallstrom - apesar de todos os clichês que cercam o
filme, o olhar sobre o estrangeiro e o tratamento das diferenças tornam Chocolate um
filme extremamente pessoal e comovente.
Amores
Possíveis - como os últimos exemplares das comédias
românticas americanas, o filme tenta inovar tanto no conteúdo quanto na forma, mas se
revela essencialmente conservador.
O Chamado de
Deus: a religião como um ambíguo retrato político do Brasil - voltando
ao documentário, em que começou sua carreira, Joffily resgata a visão da religião como
um processo político, aliada a um retrato ambíguo de uma identidade nacional típico do
cinema brasileiro contemporâneo.
A Hora Marcada -
exemplo de um tipo de cinema brasileiro que já nasce esgotado, a belíssima
produção para os moldes brasileiros acaba se tornando um pastiche se comparada aos
megamilionários filmes hollywoodianos.
As Luzes de um
Verão - um dos grandes destaques do circuito anual, cinema
verdadeiramente oriental, com a transcendência da rotina, sua falsa paralisia (baseada em
relações e não em ações) e sua poesia espiritual.
Outros filmes
lançados no circuito podem ser vistos na seção sobre o Festival do Rio.
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