MANGA

Olhar duro, raros sorrisos no rosto marcado pela varíola, grandalhão, ingênuo e gentil como uma criança, arrojado e valente, o goleiro Manga faz parte da história do Botafogo. Com ele no gol, o Botafogo foi bicampeão em 1967 e 1968. O veterano Nílton Santos jamais negou sua admiração pelo talento e pela coragem do pernambucano Aílton Corrêa Arruda, o Manga, nascido no Bairro do Pina, no Recife: " Ele foi o melhor goleiro que passou pelo Botafogo desde que me conheço por gente".

Suas mãos ficaram marcadas pela dura vida de goleiro, goleiro de coragem, que urrava nos cruzamentos sobre a área avisando que estava na jogada. Urros de assustar os próprios companheiros. Suas mãos não se fechavam, mas Manga achava graça: "Ué, goleiro não tem de defender a bola com as mãos abertas? Então, fica mais fácil segurar a bola", dizia.

A fama de Manga começou no próprio juvenil do Sport, no Recife. No campeonato da categoria, foi campeão sem tomar gol. O Vasco se interessou e tentou contratá-lo, mas ele tinha contrato de gaveta com o Sport. O Vasco achou muito caro 300.000 cruzeiros.

Manga chegou no Botafogo no final da década de 50, a tempo de jogar ao lado de Nílton Santos, Didi, Garrincha, Amarildo, Zagalo e ganhar seu primeiro bicampeonato em 1961 e 1962. Já tinha fama de meio maluco, ingênuo e gozador.

Em 1965 estreou na Seleção no amistoso contra a Alemanha Ocidental, no Maracanã, com vitória brasileira por 2 x 0. Excursionou pela África e Europa e, a 21 de novembro, aconteceu o inesquecível gol contra que garantiu o empate de 2 x 2 à Seleção Soviética, no Maracanã: Manga deu o tiro de meta, errou, a bola bateu na cabeça do meia-direita Metreveli e entrou. Mas não perdeu sua vaga e, em 1966, disputou a Copa do Mundo na Inglaterra, quando jogou na última partida, contra Portugal (1 x 3). No ano seguinte, ganhou o título carioca e bisou o feito em 1968. Mas um incidente com o jornalista João Saldanha, que o acusou de venal - por tentar amolecer um jogo com o Bangu - , acabou encerrando sua carreira em General Severiano. Foi para o Nacional, de Montevidéu, pelo qual, em menos de seis anos, ganhou dez títulos. Antes de encerrar a carreira no Equador, aos 45 anos, foi bicampeão brasileiro pelo Internacional e ainda brilhou no Operário-MS e no Grêmio.

voltar