DIDI
Valdir Pereira, o Didi, foi um meia-armador clássico, inteligente e assustadoramente frio. Voltou da Copa do Mundo de 1958 consagrado como seu melhor jogador pela crítica internacional.
Genioso e polêmico, Didi fez da intuição parte de seu folclore. Havia dias em que ele não queria nada com a bola. Ficava no meio-campo, mãos na cintura, agüentando as vaias e as reclamações dos companheiros. "Os fluidos não estão bons, não adianta correr", explicava. Mas, como craque, foi um vitorioso colecionador de títulos ao longo de quinze anos de atividade: campeão pelo Fluminense; bicampeão pelo Botafogo; bi-mundial; e campeão Brasileiro de Seleções. Aplaudido, vaiado, Didi foi um jogador de grande personalidade. O escritor tricolor Nelson Rodrigues o chamava de Príncipe Etíope e o folclórico filósofo da praia Neném Prancha comentou: "Quem o vê andando pela rua, mesmo sem saber quem é, diz logo: 'Este crioulo é algum troço na vida' ".
Didi firmou seu primeiro contrato profissional com o Vasco em 1946. Um ano depois, em 1947, estava no Fluminense.
Em junho de 1950, Didi inscreveu seu nome na história como o autor do primeiro gol no Maracanã, na disputa entre seleções de novos do Rio e de São Paulo, que os paulistas venceram por 2 x 1.
Campeão carioca de 1951, foi convocado para o Pan-Americano de 1952, voltando com o primeiro título internacional conquistado pelo Brasil na exterior. Em 1953, disputou o Sul-Americano de Lima e, em 1954, participou da Copa do Mundo na Suíça. Em 1956, na maior transação feita até aquela época, foi vendido ao Botafogo por 1 milhão e oitocentos e cinqüenta mil cruzeiros.
Ficou famoso como o inventor da " folha seca", um estilo de cobrar falta que dava à bola um efeito inesperado, semelhante ao de uma folha caindo.
Pelo Botafogo, Didi disputou 313 partidas, marcando 114 gols e conquistando três Campeonatos Cariocas (1957,1961 e 1962) e um Torneio Rio-São Paulo (1962). Pela Seleção Brasileira, conquistou duas Copas do Mundo (1958 e 1962).
Aí, aos 34 anos, resolveu abandonar a carreira de jogador e aceitou convite para ser treinador do Sporting Cristal, de Lima. Exerceu sua nova e vitoriosa carreira e, por teimosia, jogou alguns meses no São Paulo em 1966. Foi novamente treinador, do Sporting Cristal, do River Plate da Argentina, da Seleção Peruana de 1970, na Turquia, do Fluminense e na Arábia Saudita. Só não conseguiu êxito no Botafogo, em 1984.