Um jogo inesquecível em 1958
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De A Gazeta, sexta-feira, 18/julho/1958.
Acompanhando Comercial e Taubaté o Nacional fez muito melhor: derrotou a Portuguesa de Desportos
Mais feliz, a equipe nacionalista marcou a contagem de 4x2 -- 2x1 para os vencedores na primeira fase -- Jorge (2), Nino (2) e De Carlo (2) foram os autores dos tentos -- Deficiente arbitragem de Josafato Serra e arrecadação inferior: Cr$ 18.765,00

A representação do Nacional, que derrotou a Portuguesa de Desportos por 4x2 no prélio de ontem à tarde na rua Comendador Souza.
Apatica na ofensiva e falha na retaguarda (em alguns instantes) a Portuguesa de Desportos não conseguiu se impôr ao Nacional, na tarde de ontem, em Comendador Souza, caindo superada pela contagem de 4 a 2! O placarde é elevado, mas, espelha com justiça, o melhor desempenho dos "ferroviarios". Eles lutaram, do primeiro ao ultimo minuto, não se atrapalharam nem mesmo ao sofrer o empate, após vencerem por 2 a 0, e tiveram menos falhas que seu antagonista. Enquanto Gonçalves e Elson tomaram conta da "meia cancha" Dom Pedro e Ipojucan não conseguiram realizar o trabalho de ligação -- defesa e ataque -- que se exigia. Além do mais, não bastasse o acêrto dessa função por parte do Nacional, houve, também, não há que se negar, muita sorte dos pupilos de Berascochea que não erravam passes e, nas finalizações para gol, estiveram soberbos, criando inumeras ocasiões de perigo (além dos tentos) para o guarda-valas Carlos Alberto. Por seu turno o quinteto ofensivo "luso" começou bem, decaindo assustadoramente de produção em seguida. Reacionou um pouco no periodo final, mas aindaquando De Carlo foi para o meio e Ocimar deslocou-se para a extrema. Ocimar, aliás, vinha jogando mal, teimando nos passes curtos, sem vitalidade e, para piorar as coisas, demorados. Uma jornada cristalina, inspirada e feliz dos "nacionalistas". Poderiamos dizer que ontem foi o dia do Nacional e com ele prossegue, porque nao afirmar, a "semana dos pequenos clubes"! Os chamados "pequenos", jogando como estão, há muito, entrosaram suas linhas, enquanto os "grandes" estão começando agora, e, sentindo os efeitos do periodo em que ficaram afastados das lutas pelo certame. Nacional, Comercial, Taubaté e todos os demais, provaram isso.

Uma defesa de Valentino, guardião "nacionalista".
Na primeira fase teve-se a impressão de que a "lusa" venceria, até com facilidade, o cotejo. Mas, isso ocorreu nos primeiros movimentos, com duas boas ações ofensivas de Alfeu e Ocimar. Firmou-se o Nacional, redobrou a marcação, partiu para a frente e passou a ameaçar, seguidamente, o gol de Carlos Alberto. Veio o primeiro gol, aos 14 minutos e, aos 22, aumentavam os "nacionalistas" a sua vantagem. Diminuiu a Portuguesa de Desportos, aos 26 minutos, dando uma falsa impressão de reação. O Nacional, todavia, prosseguiu melhor. No periodo final os 10 primeiros minutos, ao contrario daquilo que se esperava, foram totalmente da esquadra local que, jogando com muita garra, quase aumenta sua vantagem aos 5 e 6 minutos, mandando Nino uma bola no travessão, com Carlos Alberto adiantado e Mario Ferreira, por milimetros, esteve para marcar contra sua meta num cruzamento forte de Lavorato. "Acordaram" os rubro-verdes com esse lance e parece terem compreendido que, caso não lutassem, a derrota seria iminente. As boas ações (por alguns minutos) do ataque da equipe do Canindé levaram-na ao empate aos 17 minutos. Reacenderam-se as esperanças dos "lusos", por alguns minutos. Amaral teve o terceiro gol nos pés, todavia, mandou o balão para fora. Onze minutos mais tarde Jorge fazia o terceiro gol "nacionalista" e quebrava o ritmo de produção da Portuguesa de Desportos que voltou a claudicar. Inflamaram-se os "nacionalistas" e fizeram, aos 33 minutos, aquele que veio a ser o tento que arrasou com a "lusa": 4 a 2. Nos ultimos 12 minutos os rubro-verdes tiveram cinco grandes oportunidades para tentos, entretanto, defendeu-se sempre bem o Nacional.

Para nós, a vitória do Nacional não merece qualquer contestação. Foi ela produto do melhor empenho dos seus homens, em contraposição com o que ocorreu entre os "lusos". Faltou espirito de luta aos companheiros de Ipojucan, a par das falhas registradas no quadro durante a partida. Além de tudo isso, é bom frisar, o Nacional esteve numa jornada de grande sorte e nada lhe deu errado...

Gols -- Dentro da area Edgard serviu Jorge, como meia esquerda, fuzilando este, cruzado, para o canto esquerdo da meta de Carlos Alberto, inaugurando a contagem, aos 14 minutos: Nacional, 1 a 0.

Aos 22 minutos Edgard avançava e Ipojucan, na entrada da area, em ultimo recurso, derrubou-o. Falta que o juiz assinalou. Nino cobrou, com violencia, vencendo a barreira e Carlos Alberto: Nacional, 2 a 0.

Diminuiu De Carlo, aos 26 minutos. Roderley, na lateral da area, em seu setor, cometeu "jogo-perigoso" sobre Amaral. Cobrou Ocimar, levantando para o centro, avançou De Carlo, livre e em posição legal para, com um toque de pé esquerdo, superar Valentino: Nacional, 2 x Portuguesa, 1.

Foi essa a contagem da primeira fase.

No periodo final, aos 17 minutos, na cobrança de um lateral, na direita, Ocimar recebeu e levantou para a pequena area. De Carlo, mesmo de costas para o gol, colheu belissima cabeçada que superou Valentino: Nacional, 2 x Portuguesa de Desportos, 2.

Na cobrança de um escanteio, por Vasco, Jorge, dentro da area, colheu certeira cabeçada que encobriu Carlos Alberto. Mario ferreira tentou afastar o balão sem sucesso: Nacional, 3 x Portuguesa de Desportos, 2.

Cinco minutos mais tarde, aos 33, uma rebatida de Ditão encontrou Nino na metade do campo, como centro medio. Avançou o zagueiro sem ser combatido e, da entrada da area, com um chute forte, violento e cruzado, de pé esquerdo, venceu o goleiro "luso": Nacional, 4 x Portuguesa de Desportos, 2, contagem final.

Quadros e destaques -- As duas equipes formaram assim:
NACIONAL -- Valentino; Nino, Mario e Roderley; Gonçalves e Pixo; Lavorato, Jorge, Edgard, Elson e Vasco.
PORTUGUESA DE DESPORTOS -- Carlos Alberto; Mario Ferreira, Ditão e Juths; Dom Pedro e Odorico; Amaral, Ipojucan, Alfeu, Ocimar e De Carlo.

Carlos Alberto pareceu-nos um pouco adiantado em alguns lances. Não teve culpa nos tentos que o venceram. Mario Ferreira, fraco desempenho. Perdeu muitos duelos para Vasco, um garoto dos juvenis "nacionalistas". Ditão, o melhor da retaguarda. Firme o seu trabalho. Juths, regular. Em alguns momentos não conseguiu conter Lavorato. Dom Pedro começou bem, decaiu e voltou a jogar bem no periodo final, mas, "sentiu" uma contusão. Odorico, firme na marcação. Amaral, regular. Pouco servido em seu setor. Perdeu o gol que poderia transformar por completo a situação, quando a contagem era de 2 a 2. Ipojucan, regular. Alfeu, lutador. Ocimer, fraco. De Carlo, o melhor da linha de frente. Fez dois lindos gols e o ataque sempre rendeu mais quando ele deslocava-se para o meio.

Na equipe do Nacional Valentino foi pouco empenhado. Nos tentos não poderia ter feito nada. Nino, muito bom. Fez dois gols espetaculares. No inicio abusou, como é do seu habito, do jogo violento, erradamente. Mario, firme. Gonçalves, o melhor jogador do Nacional e um dos mais lucidos da peleja. Pixo marcando com firmeza. Roderley, regular. Lavorato, regular. Jorge, lento em algumas jogadas e esperto em outras. Fez dois lindos tentos. Edgard deslocou-se com correção e por muitos momentos confundiu a retaguarda "lusa". Elson, boa produção. Vasco, pouco servido, mas, bastante util ao quadro.

Arbitragem e renda -- Josafato Serra dirigiu (!) a peleja. Fraco trabalho! Sem personalidade, errando a dano dos dois clubes e sem energia para chamar a atenção de alguns jogadores. Logo ao primeiro minuto do segundo periodo, apesar das assinalações do "bandeirinha" Ryad Azer Maluf, não marcou impedimento clamoroso de Jorge que quase assinalou o terceiro tento do Nacional. Aos 14 minutos Mario deslocou De Carlo, dentro da area, e o juiz nada marcou. Aos 35 minutos, ainda no periodo derradeiro, Roderley deu um pontapé, por trás, em Amaral, e o juiz limitou-se a adverti-lo. Houve "cera" do Nacional e paralisação por conta de jogador do alvi-celeste, ao todo dois minutos, mas, o sr. Josafato Serra nada descontou... Não bastasse isso existiram inumeras faltas, de lado a lado, não assinaladas por esse apitador. Os "bandeirinhas" portaram-se corretamente e, é o caso de se dizer, foram mal auxiliados pelo juiz!

A arrecadação somou Cr$ 18.765,00.


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