Vida Hispánica 18 (1998): 19-24
Joseph Abraham Levi
The University of Iowa
© 1998 Joseph Abraham Levi and Vida Hispánica
No ensino da Português não se vê e, nesse caso, não se ouve muito, sobre a feliz combinação de língua e tecnologia, especialmente no âmbito dum laboratório de línguas. Existe muito material disponível se nós ensinamos outras línguas, do Inglês como segunda língua, ESL, até ao Chinês! Porém é connosco—fazendo, portanto, apelo à nossa criatividade, experiência no campo do ensino e, principalmente, em ser treinados tecnicamente—que temos de contar se quisermos transformar uma aula de língua portuguesa numa verdadeira fonte de informações linguístico-lexicais assim de ficar ao passo com aquilo disponível nas outras línguas. Oito actividades a usar um laboratório de línguas—equiparado com uma Console Multimédia qualquer—são uma alternativa, uma solução a essa falta de material depagógico-metodológico. As metas propostas são proficiência, aprendizagem directa e constante verificação do rendimento linguístico num ambiente ao passo com as últimas inovações técnicas.
Esse estudo baseia-se em mais de vinte anos de ensino e treinamento pedagógico-metodológico e, em particular, em mais de dez anos de experiência a ensinar língua portuguesa não só na sala de aula 'normal' mas também no laboratório de língua dotado de um sistema Console Multimédia. Portanto, as seguintes actividades são o resultado de conhecimentos metodológico-pedagógicos no ensino duma língua estrangeira unidos à prática diária num laboratório de línguas tecnologicamente equipado de uma Console Multimédia. Esses exemplos podem-se fazer em qualquer laboratório linguístico a usar uma Console Multimédia—do mais sofisticado ao mais simples—o resultado, porém, será o mesmo: eficiência e proficiência em Português.
Aconselha-se, vivamente, aos leitores de familiarizar-se com alguns dos sistemas Multimédia mais usados em muitas universidades para poder mudar uma boa aula de língua portuguesa num verdadeiro sucesso. Essas oito actividades servir-nos-ão de guia para melhorar a produção linguística, aperfeiçoar o rendimento e a aprendizagem contínua do Português dos nossos estudantes. Obviamente, esse não é o único uso que nós, enquanto instrutores, podemos fazer do laboratório de línguas. Há muitos, infinitos.
Essas actividades são as mais básicas, as mais interessantes, por nós achadas e, mormente, segundo as avaliações e preferências dos alunos. Nos seguintes parágrafos encontrá-las-emos em ordem de apresentação, não de importância. Todas são importantes, todas têm o seu valor pedagógico-metodológico assim como linguístico. Não se exporá como usar esses sistemas de sob o ponto de vista técnico, isso é claro. Nesse caso basta ler com cuidado os vários manuais à nossa disposição num laboratório de línguas equiparado a uma Console Multimédia com o sistema usado na universidade onde estamos. Dar-se-á, ao invés, uma exposição de como usar um sistema técnico à nossa completa vantagem no ensino quotidiano da língua portuguesa. Em outras palavras, tentaremos pôr em prática essas metodologias no laboratório de línguas a usar uma Console Multimédia. Faremos de maneira que o resultado seja uma verdadeira cooperação entre ensino e tecnologia: essa última, claramente, ao serviço da língua portugusa!
A base teorética das actividades segue o modelo de aprendizado directo: presença constante mas não catalítica do instrutor; contínua atenção à compreensão e à produção oral e escrita dos alunos; criações de situações reais para os alunos sentirem a língua como instrumento vivo de comunicação, quer ao nível linguístico quer àquele cultural; e, finalmente, o alcançar uma perfeita integração entre esses resultados: ser capaz de comunicar, a todos os níveis, com proficiência e pleno conhecimento das estruturas gramático-culturais em questão.
Ora, nas aulas de língua a participação é, obviamente, requirida e mandatária, porque só através o uso constante e activo da língua, nesse caso a língua portuguesa, os estudantes podem alcançar e, mormente, manter um nível adequado de fluência na língua. É bom que nas aulas de línguas os alunos fiquem expostos a uma vasta gama de exercícios e actividades; funções, essas, designadas a representar a nossa, assim como as culturas e sociedades estudadas: isto é, a cultura portuguesa, luso-brasileira e africana de expressão portuguesa. Óptimos resultados podem ser alcançados também no famoso laboratório de línguas, quando esse ficar ligado a uma Console Multimédia a oferecer funções técnicas básicas.
A seguir os leitores encontrarão alguns modelos para tornar a aula de Português—com a indispensável e necessária 'cooperação' dos alunos e a presença 'salvadora' dos aparelhos técnicos—num verdadeiro sucesso! Como dito antes, há muito mais; isto é, existem muitas mais actividades, inúmeras, sem limites de combinações. Basta só uma imaginação fértil, dedicação ao ensino da língua e cultura portuguesa, luso-brasileira e africana de expressão portuguesa e, principalmente, um grande sentido de aventura! Além disso, a tangível documentação dessas teorias e práticas é manifesta na mesma execução dos ditos exemplos. Esses são a confirmação do que nós temos lido e, mormente, experimentado em várias palestras em mérito.
1. Ora, em primeiro lugar, pode-se usar o laboratório de língua como se fosse uma sala de aula 'normal.' Podemos começar a aula com algumas perguntas básicas: "Como está?," "Como foi o seu fim-de-semana?," et caetera. Tudo isso com os fones de cabeça ainda nas escrivaninhas. Ao mesmo tempo, porém, temos de fazer de maneira que os alunos não possam ver e, portanto, ler, os nossos lábios. Na aprendizagem duma língua o primeiro instinto é aquele de ler os lábios. Se nós, por exemplo, olharmos para as paredes ou qualquer parte da sala, obrigaremos os alunos a ouvirem com atenção, a fazerem um esforço maior. Dessa maneira a concentração focalizar-se-á na parte auricular: isto é, na parte ouvida só e não nos outros elementos que contornam o falar, nesse caso: a expressão do vulto, as mãos e, claramente, o movimento dos lábios. Isso prepará-los-á para as próximas actividades: isto é, ao ouvir com atenção e concentração àquilo que acontece, para depois participarem, completamente e com sucesso, durante a hora inteira. Agora, todos de fones de cabeça, podemos começar a hora. Por exemplo, podemos dar um ditado, primeiro ler uma vez, a passo normal, fluente, depois devagar e os alunos a escreverem. O ditado tem de ser breve, dois ou três parágrafos ao máximo. Nele podemos incluir alguns aspectos gramaticais e/ou lexicais mais salientes, como sempre, relacionados ao conteúdo da lição e/ou a eventos—quer nacionais quer internacionais—aos quais eles já foram expostos antes. A base teorética dessa primeira actividade é despertar a concentração dos alunos, levá-los a perceber sons e conceitos sem a ajuda de factores esternos. Podemos começar com léxico básico para depois acrescentar o nível de dificuldade, durante o semestre e/ou no momento, segundo o grau da aula em questão.
2. Uma segunda actividade pode ser, como na actividade número um, um ditado; porém, dessa vez, podemos pedir a um estudante de vir para o quadro negro e escrever enquanto os seus colegas estiverem a escrever o ditado. Todos estarão de fones de cabeça, menos o nosso aluno que poderá ouvir através o altifalante geral. Lembrar aos estudantes de não olhar para o quadro negro mas, ao invés, de concentrar-se no ditado, em ouvir e escrever. De novo, o ditado tem de ser breve, três parágrafos ao máximo. Incluir só os aspectos mais importantes, a enfatizar o conteúdo léxico-gramatical estudado ou que estamos a apresentar. Quando terminar, agradecer o aluno, despedir-se dele e começar a correcção do ditado—como sempre, todos de fones de cabeça. Em pé, começar a ler, devagar, aquele que o aluno escreveu no quadro negro; parar para enfatizar aspectos fonológico-lexicais assim como gramaticais. Não esquecer de introduzir muitos sinónimos, expressões ou formas alternativas para, assim, enriquecer o vocabulário. No entanto, os alunos ouvirão com atenção; farão as correcções necessárias e, mormente, poderão adicionar mais informações no próprio inventário linguístico em Português. A base teorética dessa segunda actividade consiste em fortalecer tudo aquilo que os alunos já sabem, têm aprendido e, ao mesmo tempo, juntar mais vocabulário. Além disso, introduz-se também interacção entre o instrutor e os alunos.
3. Esse exercício usa quer a Console Multimédia quer o projector de lúcidos. Preparar com antecedência alguns lúcidos, a cor ou em branco e preto. Podemos fotocopiar e/ou desenhar imagens, situações, vinhetas, ou até podemos escrever algumas perguntas específicas relativas à gramática e/ou ao vocabulário do dia. Com uma ou duas canetas marcadoras e um guardanapo de papel, também podemos acrescentar ou apagar matéria directamente no lúcido e depois fazer mais perguntas. Finalmente, podemos também usar o lúcido para dar um pequeno ditado ou criar—apelando, assim, à criatividade da turma—uma pequena situação/história oral. A base teorética dessa terceira actividade concentra-se na parte visual: essa será o ponto de partida para depois chegarmos aos exercícios orais e escritos baseados na compreensão auricular-oral.
4. Esse trabalho liga-se às cassetes. Os estudantes devem, portanto, ouvir com atenção àquilo que é ditado—por nós ou por uma fita audio, geralmente com uma conexão linguístico-temática à lição do dia. Após isso, eles deverão escrever e gravar a própria voz, para depois compararem as pronúncias. A nossa tarefa, durante toda essa actividade, é aquela de vigiar, ouvir, controlar e, mormente, intervir nos momentos apropriados, fazendo de maneira que os alunos não fiquem intimidados mas, ao invés, sejam encorajados a produzir e alcançar exactidão e proficiência em Português. Podemos fazer isso, por exemplo, em usar o microfome principal assim que nenhum estudante em particular se possa sentir intimidado ou humilhado. Se quisermos corrigir singularmente, então, deveremos fazer isso privadamente: pisar o botão da intercomunicação, isto é, a conexão directa entre nós e o estudante em questão, onde nós seremos o modelo e o estudante poderá ouvir, com cuidado e sem vergonha, os sons e tudo aquilo que pertencer à gramática portuguesa, dessa vez em forma correcta. Isso beneficiará particularmente a fonologia portuguesa, na rendição dos sons orais: e.g., as vogais orais e, mormente, as vogais nasais, sendo essas últimas um verdadeiro problema na correcta e produtiva aprendizagem da língua de Camões! A base teorética dessa quarta actividade usa a parte auricular como veículo à compreensão oral e à produção verbal individual. Esse é um exercício muito importante, ao qual nós, como instrutores, devemos prestar muita atenção assim que os alunos alcancem o máximo entre proficiência e domínio da matéria.
5. Essa actividade é a famosa conversação em pares e em grupos. Podemos fazê-la quando queremos que os nossos alunos pratiquem a conversar entre si, em pares e em grupos—isto é, com mais de três pessoas, até ao máximo recomendado de oito estudantes por par. Essa seria uma óptima maneira para verificar e a pronúncia e a compreensão auricular juntas. Encorajar os alunos a ser criativos, de usar muita imaginação. Uma vez que deixamos acesso livre à criatividade, estimulamos participação e, mormente, fomentamos um interesse activo na aprendizagem da língua portuguesa. Quando os alunos criam um diálogo ou uma história/situação eles, com certeza, sentirão o assunto como próprio e, portanto, participarão no processo criativo. De tal maneira a actividade não é passiva, como no caso dum ditado ou da compreensão auricular. Em criar activamente, em fazer o diálogo ou no escrever uma história/situação, eles poderão usar a gramática portuguesa e todas as outras expressões que têm aprendido antes. Em tal caso esse exercício também funciona como sistema de controle em averiguar o armazenamento de informação linguística de cada aluno. Podemos, assim, dar conversações dirigidas: escolher um tópico específico; dar dois ou três minutos para eles discutirem entre si: isto é, dar tempo para os alunos escolherem como representar a história/situação, quem vai escrever ou descrever alguma coisa ou pessoa e, por fim, quem vai ocupar-se de outros aspectos ou indivíduos. Depois dizer-lhes de escrever/descrever tudo aquilo que essa situação estiver a representar. Se dermos uma fotocópia onde haja duas ou três vinhetas, por exemplo, poderemos, então, pedir que eles criem um diálogo ou que escrevam um ou dois parágrafos por baixo das imagens onde descreverão o que eles pensam que esteja a acontecer ou que tinha já acontecido, no caso de nós requerermos formas verbais específicas. Obviamente, podemos pedir que usem só alguns verbos, formas verbais e/ou adjectivos específicos. Podemos usar férias, feriados, dias particulares, situações ou eventos históricos tomados da vida quotidiana ou dos noticiários, por exemplo. Os estudantes encontrar-se-ão em pares de dois ou três. Nós seremos o 'pártner' mudo. Interviremos só para resolver problemas de pronúncia ou em caso de dúvidas lexicais. Nunca tentar de corrigir tudo aquilo que eles disserem e escreverem na hora; deixar lugar à criatividade. Sempre através o nosso fone/microfone de cabeça, ouvir primeiro e corrigir só quando for necessário e depois passar ao próximo grupo. Quando a aula terminar, pedir as folhas. O dia seguinte, começar a aula em pôr no quadro negro os pontos principais: erros e/ou coisas de evitar, palavras e expressões que se podem e que se deveriam usar em determinadas situações, et caetera. Os estudantes aprenderão mais dessa maneira: eles estão a usar a gramática e, ao mesmo tempo, podem associar isso com aquilo que têm produzido o dia antes, com as coisas que eles mesmos têm criado! Na vida quotidiana, quando eles morarem ou tiverem contacto com pessoas de um país lusófono, deverão criar situações nas quais a gramática é usada num sentido vivo e prático, não terão de preencher um caderno; o caderno ficará bem longe deles nessas horas! A base teorética dessa quinta actividade focaliza-se não só na aprendizagem da língua portuguesa mas também, e mormente, na interacção entre os alunos. A criatividade dos alunos ajudará muitíssimo nesse caso e o facto de eles trabalharem junto leva-os, inconsceintemente, a um nível maior no seu estágio de aprendizagem do Português. Nós estaremos por trás das cortinas, a intervir nos momentos apropriados deixando, assim, espaço par o crescimento linguístico de cada aluno e, em particular, da turma, nesse caso dividida em grupos. Uma última nota: tentar de não pôr as mesmas pessoas em cada grupo; fazer de maneira que cada vez se haja um grupo diferente. Esse último aspecto fará de maneira que a turma cresça mais unida e compacta entre si. Como sempre, o cimento, a argamassa é a língua portuguesa!
6. 'labor' é um potpourri, uma mistura das actividades número três e número cinco. Pôr os estudantes em pares como na actividade número cinco. Usar um lúcido como na actividade número três e deixar os alunos criarem uma situação. Podemos dirigir a história da seguinte maneira: pôr no quadro negro uma lista de vocabulário básico e/ou de pontos gramaticais achados essenciais para essa actividade. Depois continuar como na actividade número cinco.
7. Esse trabalho é o conjunto de exercícios geralmente conhecido por 'perguntas e respostas' e feito—em muitos sistemas técnicos disponíveis—no 'analyzer mode.' Eis aqui um exemplo: preparar um ditado de dois ou três parágrafos ao máximo; formular cinco possíveis perguntas. Numa folha em branco escrever, nas últimas cinco linhas da folha, cinco respostas, numerando-as de um até a cinco. Escrever só as respostas às perguntas que pertencem ao ditado. Ora, dessas cinco respostas, duas serão quase idênticas, muito realísticas, onde só uma nuança as divide. Portanto, uma só será a resposta correcta, a outra será quase igual mas não será a resposta correcta porque falta só um particular, importante e relativo ao conteúdo da história apresentada. Isso obrigará aos alunos a prestar muita atenção àquilo que se está a ouvir e, mormente, ao conteúdo da história. Dessa maneira estamos a averiguar ambas a compreensão dos sons e do texto em si. Das outras três respostas, duas devem ser de qualquer modo relaciionadas, mas absolutamente não serão as respostas correctas. Nesse caso estamos a controlar um nível médio de proficiência auricular. Finalmente, a quinta e última resposta não terá absolutamente nada a que ver com a história em questão: assim estamos a ver se os estudantes estão verdadeira e completamente ao passo com a língua portuguesa. Essa actividade deveria ser efectuada pelo menos uma vez por mês para verificar o nível de aprendizagem, quer linguístico-lexical, quer cultural da turma, em geral, e de cada aluno, em particular, assim de poder, consequentemente, evitar ou pelo menos corrigir problemas logo que esses surgirem. Portanto, distribuir as folhas com só as cinco respostas. Ler o ditado uma vez, a uma velocidade normal, fluente. Começar a leitura do ditado. Ler de novo o ditado, a uma velocidade normal. Ligar o 'analyzer mode' e programar a resposta correcta da primeira pergunta. Pisar o botão e ler a primeira pergunta. Agora os alunos terão alguns minutos para escolherem a resposta exacta. Eles terão de pisar o botão correspondente à pergunta ouvida: pergunta número um (1) corresponde ao botão A, pergunta número dois (2) ao botão B, e assim em diante. Quando o prazo esgotar, primeiro pisar o botão 'parar' e depois o botão 'imprimir.' Agora a Console imprimirá os resultados da primeira resposta. Essa impressão dar-nos-á uma visão parcial: o número de alunos que tem respondido e como—isto é, se bem ou mal—assim como uma percentagem. Prosseguir com as próximas perguntas. Repetir o mesmo com essas perguntas. Logo depois da última pergunta, pisar o botão duas vezes: uma vez para a última e uma segunda vez para obter a impressão final. Essa última dar-nos-á a média final onde poderemos ler também a percentagem global e individual, pontos importantíssimos para estabelecer a posição da turma em geral e, mormente, de cada aluno, para assim ver onde eles ficam linguisticamente falando. Além disso, esse sistema ajudar-nos-á também no cálculo da nota, coisa sempre bem-vinda! A base teorética dessa sétima actividade aponta para extrema concentração àquilo que se está a ouvir. Portanto, o objectivo é de averiguar quer o nível de compreensão dos alunos, quer, e mormente, se os alunos estão a acompanhar o conteúdo das lições. Em outras palavras, podemos facilmente usar esse exercício como se fosse uma espia de controle e ver onde a turma e o nosso ensino fiquem. Assim fazendo, podemos tirar conclusões e, em caso de problemas, correr aos reparos. Por exemplo: se a turma precisa de mais tempo para 'digerir' melhor o futuro do conjuntivo ou o infinitivo pessoal; se temos de dar mais uma revisão às formas pronominais, e.g., à amada mesóclise; se continuar com alguns aspectos da pronúncia, et caetera.
8. Ora, chegámos ao fim. Dulcis in fundo, como dizem os latinos, temos uma actividade que, com certeza, agradecerá aos alunos. Estamos a falar do uso do conjunto televisão/vídeo-gravador: isto é, o Video Projector e a Console Multimédia a trabalharem ao uníssono. Com o fio eléctrico apropriado, ligar o conjunto televisão/vídeo-gravador à Console Mutlimédia> assim que os alunos possam ouvir a televisão ou uma fita vídeo através dos seus fones de cabeça. Agora podemos usar o anexo televisão/vídeo-gravador em muitas maneiras. Primeiro, podemos ouvir as notícias, gravadas antecipadamente, em Português. Para facilitar a compreensão, seria melhor mostrar dois ou três minutos cada vez. Parar ou pausar quando necessário, segundo as necessidades. Fazer perguntas relativas à gramática e ao conteúdo. Rebobinar e mostrar de novo, se e quando necessário, assim que os alunos possam aprender mais expressões ou outras características linguístico-culturais contidas no dito segmento. Podemos perguntar se têm percebido as notícias, se podem escrever um pequeno resumo—sozinhos ou em pares—e se podem fazer comparações com outras situações ou outros aspectos encontrados na nossa assim como em outras culturas e línguas por eles notas. Um exemplo seria perguntar se têm percebido um particular sotaque. Essa seria uma boa desculpa para apresentar as variantes dialectais do português padrão. O mesmo poderia ser feito para apresentar as variantes ultramarinas do Português: dos vários sotaques e falares brasileiros, aos múltiplos padrões africanos, até ao macaense! Para não falar dos crioulos, entre os quais o de Cabo Verde é o mais conhecido e acessível ao nível de gravações disponíveis aqui nos Estados Unidos assim como no Canadá. Por exemplo, podemos para o vídeo, explicar e demonstrar a diferença entre esse particular sotaque e a pronúncia do português padrão—quer o padrão português, quer aquele brasileiro. Além disso, podemos também tocar uma fita audio que tenha outros sotaques ou dialectos, para depois voltar à nossa pronúncia e, por fim, àquela contida no segmento do vídeo apresentado. Uma outra actividade poderia ser usar um segmento do vídeo como ditado. Os alunos adorarão isso porque, no primeiro estágio da aprendizagem duma língua estrangeira, poder aprender as notícias é uma verdadeira conquista! Usar pequenos e breves segmentos, de dois ou três minutos máximo. Usando palavras simples—a incluir aquelas já apresentadas e algumas novas—e, com a ajuda, abundande, de sinónimos, explicar a situação. Mostrar as notícias uma vez, a uma velocidade normal, fluente. Começar o ditado. Pausar muito frequentemente. Lembrar que não estamos numa aula de estenografia! Finalmente, mostrar de novo o segmento, a uma velocidade normal, para eles verificarem o que têm escrito. Logo depois distribuir o segmento escrito por extenso e dá-lo como dever de casa: isto é, pedir que comparem as duas versões. Uma outra opção seria pedir de entregar os ditados e, em casa, anotar as discrepâncias. O dia seguinte, começar a aula em pôr no quadro negro as coisas mais salientes do ditado. Nessa maneira os alunos poderão interiorizar essas novas expressões e formas gramaticais por as relacionarem à televisão, às notícias e/ou ao vídeo assistidos o dia anterior. Podemos usar essa actividade com partes de filmes, telenovelas, canções, espectáculos, et caetera. A base teorética dessa oitava e última actividade tenta abranger um pouco todas ou pelo menos muitas das outras actividades aqui apresentadas. Nela encontramos participação directa e indirecta dos alunos, onde por indirecta não estamos, de maneira nenhuma, a indicar passividade. Ao contrário, na fase indirecta os alunos aprendem a concentrar-se; a prestar atenção aos sons enquanto tais e, mormente, ao conteúdo da lição, seja isso um ditado, um lúcido, um diálogo—sob forma escrita—entre si ou com o professor, uma gravação ou um segmento vídeo.
Se nós usarmos todas ou algumas dessas oito actividades aqui apresentadas com certeza poderemos notar, ao longo do semestre, um gradual melhoramento não só na aprendizagem e produção da língua portuguesa e da cultura lusófona, mas também, e mormente, um aumento ao nível de participação. Esse último aspecto ajudar-nos-á a obter a tão desejada perfeição e eficiência na comunicação escrita e oral em Português. O laboratório de língua com um sistema Console Multimédia pode muito fácil e rapidamente ajudar-nos a alcançar as nossas metas e os nossos sonhos, mesmo em situações onde não haja muito material didáctico, como no caso do Português. Basta só aplicar aquilo que se tem aprendido ao nível pedagógico-metodológico, as nossas teorias e, mormente, usar um sistema Console Multimédia à nossa vantagem.
Bayley, Stephen. Sony Design. An Exhibition in the Boilerhouse at the Victoria & Albert Museum. The Conran Foundation. Londres: Brandprint, 1982.
Gould, William. VGM Business Portraits. Sony. Lincolnwood: VGM Career Horizons, 1997.
Keating, Patricia e Alice Anderton. "Survey of Phonetics Computers in North American Laboratories." UCLA Working Papers in Phonetics 66 (1987): 104-123.
Knowles, Gerry. "The Role of the Computers in the Teaching of Phonetics," in G. Leech e C.N. Candlin, eds. Computers in English Language Teaching and Research. Londres: Longman, 1986.
Landefoged, Peter. "Macintosh Usage for Linguistics." UCLA Working Papers in Phonetics 60 (1985): 84-86.
Landefoged, Peter. "Macintosh Computer Programs for Phoneticians." UCLA Working Papers in Phonetics 66 (1987): 98-103.
Levi, Joseph Abraham. "Pedagogia e Metodologia: o Uso de Provérbios e Expressões em Português. Uma Abordagem Pessoa." Portuguese Newsletter 7 1 (1997): 5-6.
—, "A More Creative Use of the Language Laboratory in Second Language Acquisition. What Works in Portuguese Can Work for ESL too! How to Use the Sony Systems to your Advantage. A Closer Look at the Sony LLC-5510 Console and/or Sony LL Control Console LLC-9000 System." English as a Second Language Program, Main Library, The University of Iowa, Iowa City, IA, November 11, 1997. [Texto da palestra, não publicado]
—, "Hands on Sony LL Control Console LLC-9000 System. The Eight Activities that Will Improve your Students' Performance in the Multimedia Language Laboratory. A Demonstration." Language Media Center, 17 Phillips Hall, The University of Iowa, January 12, 1998. Workshop organized for the staff of the English as a Second Language Program, Main Library, The University of Iowa. [Texto da palestra, não publicado]
Parkinson, Stephen e Anthony Blandon, "Microcomputer-Assisted Teaching and Phonetics Word-Processing: A Survey." Journal of the International Phonetic Association 2 17 (1987): 83-93.
Sony Corporation. Sony Corporation Collection. Tóquio: Sony Corporation, 1989.
—. Educational Recorder. (Student's Recorder). ER-9060/9030. Tóquio: Sony Corporation, 1990.
—. Instructions for the Sony LLC-5510 Console. Commonly Used Class Lab Procedures. Tóquio: Sony Corporation, 1989.
—. LL Control Console. LLC-9000 System. Operation Guide. Tóquio: Sony Corporation, 1990.
—. LL Control Console. LLC-9000 System. Reference Guide. Tóquio: Sony Corporation, 1990.
Sony Industries. Sony Communications: Business Communication Systems. Nova Iorque: Sony Industries, 1989.
Strail, M., G. Weston e D. Burkhardt. "Exploration of Foreign Languages Speech Synthesis." Literary and Linguistic Computing 2 (1987): 116-119.
Valdés, Guadalupe. "The Teaching of Minority Languages as Academic Subjects: Pedagogical and Theoretical Challenges." Modern Language Journal 79 (1995): 299-328.
Wells, J.C. "Computer-Coded Phonetic Transcription." Journal of the International Phonetic Association 17 2 (1987): 94-114.
Todos os direitos reservados. Qualquer reprodução é vedada.
Se quiserem uma cópia deste artigo, é favor contactar-me e, com certeza,
dar-vos-ei permissão de copiá-la ou enviar-vos-ei uma cópia pelo correio!