Preâmbulo: esta é a minha experiência. Actualmente estou no meu vigésimo primeiro ano de ensino. Ensinei e ensino disciplinas várias, tais como Português, Italiano, Swahili, Árabe, Islão, História de África e, obviamente, cursos de religião, literatura, civilização e cultura, na língua em questão e/ou em tradução. Com certeza não sou uma autoridade em mérito. Baseio a minha experiência pedagógico-metodológica nos meus anos de ensino, naquilo que aprendi no meu currículo académico e, mormente, na sala de aula lugar, esse, onde se podem pôr em prática e aperfeiçoar todas as teorias-das mais antigas e válidas, até às últimas descobertas no campo pedagógico. O ponto de partida tem de ser a nossa constante e incessante motivação. Nunca temos de esquecer que nós somos o modelo-quer ao nível cônscio ou não-dos nossos alunos. Os estudantes têm de ver, cada momento e em cada acção, a nossa paixão por aquilo que estamos a ensinar, desde o "Bom dia" até ao "Até amanhã!" Se nós requeremos total participação e interesse dos nossos alunos, a nossa obrigação, então, é de mostrar o nosso amor por aquilo que estamos a apresentar, mesmo em dias quando nós não nos sentimos dispostos. Isso não sempre é fácil. A nossa preparação pedagógica tem de estar ao passo do lugar, do tempo e das culturas-aquela(s) que estamos a apresentar e aquela na qual os nossos alunos vivem. Não podemos esquecer esse segundo factor porque sempre quando estamos a aprender uma segunda língua-ou terceira e assim a seguir-sempre estamos a fazer-quer inconsciente e/ou mentalmente, quer abertamente-comparações culturais e traduções linguístico-semánticas com uma outra língua, geralmente a nossa língua mãe ou uma outra língua afim à língua que estamos a aprender. Ora, o truque fica em saber usar essa característica inata humana-isto é, a de traduzir ou pelo menos de transpor tudo a um outro modelo, mais conhecido e, portanto, familiar-e usá-la à nossa vantagem. Em outras palavras, como fazer que os alunos pratiquem, usem e continuem a acrescentar mais vocabulário e expressões culturais e linguísticas-na sala de aula e fora-sem que a língua e a cultura dominante do lugar interfiram negativamente? Eis aqui algumas maneiras. De novo, o seguinte baseia-se na minha experiência. Cada um de nós deveria modificar as actividades para as acomodarem quer à sua personalidade, estilo individual de ensino e abordagem à matéria em questão, quer, e mormente, à personalidade da aula, do corpus estudantil. A turma tem de ser o nosso primeiro objecto de estudo durante os primeiros dias de aula. Temos de observar a turma em si, ver como a turma reage, se comporta e como os alunos se relacionam-entre si e com o instrutor. Mesmo uma turma sem "trânsfer"-a famosa 'química' para usar uma expressão anglófona-pode ser transformada numa turma bem animada e à vontade para consigo e para com o instrutor se nós, uma vez observada a composição da turma, fizermos o possível para facilitar essa união, essa participação. O nosso labor, então, é de ser catalíticos sem ser o centro de atenção: o centro, o fulcro, a verdadeira catálise é a turma em si. Só se nós nos removermos do centro da atenção, poderemos ver uma verdadeira progressão e, principalmente, contribuir no crescimento linguístico-cultural da turma em questão. Eis aqui um exemplo, o caso dos provérbios e das expressões: como fazer de maneira que (1) os alunos aprendam, usem e pratiquem ditados, expressões e provérbios portugueses; (2) os alunos continuem de maneira que possam, em sua vez, sentir-se à vontade e com a língua e com a cultura lusófona para depois criar expressões adequadas às circunstâncias nas quais eles se encontrarem. Em outras palavras, como fazer de maneira que sejam criativos, que usem a imaginação e, ao mesmo tempo, usar correctamente a gramática portuguesa e a cultura lusófona. Em primeiro lugar, temos de traduzir ao pé da letra expressões e provérbios anglófonos para português. Obviamente quase nenhuma dessas sentenças e/ou máximas fará sentido em português. Ora, a nossa tarefa será mesmo aquela de transpor tudo-e correctamente-na outra cultura. Primeiro com sinónimos e/ou palavras cognatas facilmente reconhecíveis; depois mudar: isto é, introduzir outras maneiras, outras expressões, variantes da mesma sentença. Aqui poderemos 'tomar emprestado' expressões e factos provenientes da cultura dos alunos e, com destreza, modificá-los e à língua e à cultura portuguesa. Nesse caso nós, ou podemos encontrar uma verdadeira expressão sinónima do provérbio ou expressão original, ou podemos até criar a nossa própria variante, sempre tendo em mente a cultura lusófona. Assim fazendo, nós não estamos a dar uma ideia falsa e não existente do mundo luso mas, ao invés, estamos a facilitar a aprendizagem da língua e da cultura portuguesas sem alienar os alunos. Gradualmente os alunos sentir-se-ão atraídos por esse novo método de instrução: eles poderão inventar expressões que dessa vez provierem da cultura onde eles vivem quotidianamente. Porém, já fortes da experiência do 'não traduzir ao pé da letra', desta vez eles poderão inventar, criar aforismos, axiomas, ditados, ditos, proposições, provérbios, sentenças, várias máximas e expressões adequadas a cada situação na sala de aula e, mormente, fora, no dia a dia. Este último factor deveria ser a nossa derradeira meta: o uso da língua portuguesa não só quando nós ficarmos com eles, mas, principalmente, quando eles ficarem sozinhos ou entre si. Uma boa maneira seria incentivar competições onde eles ficariam livres de criar tais expressões e apresentá-las na sala de aula e/ou na hora de conversação, isto é, na mesa portuguesa, também conhecida como 'bate-papo.' Às vezes seria bom que nós mesmos participássemos a tais competições, assim contribuindo à atmosfera criativa. Nestas novas criações nós deveríamos deixar lugar para ambas a criatividade individual e a inevitável tradução-do rendimento quase literário duma expressão até à composição de formas em rima, facilmente memorizáveis. Eis aqui alguns exemplos:
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