SACO DE MAMANGUÁ - PARATY - RJ - BRAZIL
Os recifes sempre foram considerados verdadeiros santuários para o desenvolvimento e abrigo de vida marinha, atraindo peixes, crustáceos, moluscos, algas, e mais uma infinidade de outros seres. Neste ambiente, o mergulhador pode se aproximar de corais, esponjas e anêmonas do mar, fotografar lagostas e peixes e brincar com polvos.
Mas e se o tal recife, ao invés de pedras e corais, for feito de nada menos que " PNEUS ".
Isto mesmo, PNEUS. não se trata, neste caso, de lixo jogado ao Mar e sim de um " Recife Artificial ". Hoje, quem mergulha em alguns Estados Brasileiros pode conhecer de perto essas estruturas submersas, formadas por PNEUS, módulos de concreto e outras armações que contribuem para o restabelecimento e estudo de ecossistemas Marinhos.
O Oceanógrafo
Roberto Ávila Bernardes do Instituto Oceanográfico da USP, é um dos coordenadores do Projeto Recifes Artificiais no Saco de Mamanguá ( litoral sul do Rio de Janeiro). O PRIMEIRO A SER IMPLANTADO NO BRASIL.
O pesquisador explica que, da mesma forma que os recifes naturais, os artificiais servem de base para que organismos, como corais, esponjas e outros se fixem. Essas formas de vida ocupam sua nova " residência " rapidamente, e entre seis meses e um ano , elas já atraem novos moradores. "Para os peixes e crustáceos, os novos recifes são como nova moradia, oferecendo abrigo, alimentação e uma área propícia para a reprodução.
As estruturas de concreto e os pneus são indicados para estudos científicos porque são baratos, duráveis e não poluentes". Afirma Bernardes.
Nas profundezas marinhas a vida não desperdiça espaço, ocupando toda a superfície de estrutura artificiais submersas.
SIRIS E CAMARÕES DE VOLTA AO LAR
O projeto de recifes artificiais para recuperar o Saco de Mamanguá, realizado pela organização não governamental Associação dos Moradores e Amigos de Mamanguá ( AMAM) e coordenado por cientistas do Instituto Oceanográfico da USP, começou em 1991 e deu início a um estudo inédito na época. Foi o primeiro País a ter continuidade e a mostrar resultados positivos :
Depois de seis anos e dois módulos implantados, habitantes que haviam desaparecido completamente, como o siri e o camarão, voltaram ao local, e cerca de cem espécies animais se "mudaram" para a baía.
Muitos recifes sao construídos com materiais descartados, como carcaças de carro ou navios. Entretanto, alguns podem poluir o ambiente marinho pela reação química com a água do mar e inibir o crescimento e alterar habitats, devido à sua toxicidade. Experiências têm mostrado que pneus velhos são os mais adequados, devido ao baixo custo, estabilidade física e química sob a água, ou seja, não poluem, alta durabilidade.
O número de cavidades e superfícies proporcionadas, e pela facilidade de manuseio.
Estruturas de concreto apresentam excelentes características físicas, grande durabilidade e estabilidade química, mas sua utilização é limitada em virtude do elevado custo. Esse tipo de material é mais empregado no Japão. Também foi realizada uma experiência nas llhas Canárias principalmente Gran Canária que sofreu maior destruição devido ao turismo.
Desenvolvida pelo Museu Americano de História Natural de Nova Iorque, em que foram instaladas 10 redes intercaladas com 150 blocos de concreto. Em três meses já apareceram peixes. O conhecimento sobre o comportamento e aspectos do ciclo de vida dos organismos marinhos é extremamente importante para a determinação dos tipos de estruturas a serem instaladas, da forma e do tamanho do recife. Os resultados são observados a médio e curto prazos na medida em que serão impedidos os arrastos da pesca comercial em locais específicos e estarão disponíveis novos habitats para o recrutamento e colonização pela fauna e flora marinha.
Todos os biólogos, oceanógrafos e os demais pesquisadores envolvidos em projeto de implantação de recifes artificiais concordam : A instalação só pode ser efetuadao e coordenado por técnicos especializados. Três pontos importamtes devem ser observados e seguidos a risca : Planejamento, Critério e Monitoramento permanente.
- O Planejamento é essencial para definir o objetivo do recife artificial (reestabelecimento do ecossistema, aumentar produção pesqueira, ecoturismo, etc.) e o material a ser utilizado. Há materiais que não devem ser usados, pois podem acabar reagindo com a água do mar, poluindo o ambiente e expulsando a vida local, ao invés de atraí-la;
- A Estrutura não pode provocar assoreamentos, mudar correntes marítimas, prejudicar navegação nem correr o risco de se soltar e vir à tona;
- O Acompanhamento permanente por técnicos é imprescindível, para que a evolução do recife artificial e a proliferação de habitantes sejam monitoradas.
O Projeto "Recifes Artificiais", apesar de ser uma inovação para uma comunidade de modo de vida tradicional como a comunidade caiçara, é reconhecido por eles como sendo uma técnica eficiente para a recolonização da fauna marinha. O Sr. Afonso Espíndola, nascido e criado na margem oeste do Saco de Mamanguá, que sempre quando é consultado sobre o assunto, afirma: "Em meus quase 70 anos de pesca estou seguro que passados alguns meses debaixo d'água o recife vai atrair muitos peixes e todo mundo vai querer pescar ali sabendo quc tem peixc entocado". Assim como ele, outro pescádor que nasceu na margem leste do Saco, Benedito Grande, diz que "é só esperar o tempo de incrustacão nos pncus para encher de peixe junto dos recifes". E completa: "Quem não vai gostar são os barcos de arrasto, mas para os pescadores miúdos é o melhor que pode acontecer".
&
ONG : Associação dos Moradores e Amigos de Mamanguá - AMAM (011) 3064-1861
OPERAÇÃO DELICADA FONT>
O conhecimento sobre os aspectos do
ciclo de vida dos organismos marinhos
é importante para determinar os tipos
estruturas a serem instaladas, da
forma e do tamanho do recífe.