A
duração
A
duração da grande tribulação é oficialmente
estabelecida em sete anos, ou "uma semana de anos", terminologia
criada por Moisés e empregada nas revelações do profeta
Daniel. Trata-se exatamente da última semana de anos (últimos
sete anos) das "setenta semana de anos" que lhe foram reveladas.
É o tempo final do nosso mundo, que será destruído
em grande parte para ser inteiramente renovado pelo poder de Deus. Na esteira
da destruição acontecerá também "o
fim da prevaricação pela redenção dos pecados
e expiação da iniqüidade, instauração
de uma justiça eterna, fim [cumprimento] das visões e profecias
e a unção do Santo dos santos" (Dn 9,24).
Esses
últimos sete anos que precedem a vinda de Cristo se dividem em dois
períodos iguais, de três anos e meio cada um, isto é,
42 meses ou 1.260 dias - períodos mencionados quatro vezes em Daniel
e cinco no Apocalipse.
Nos
primeiros três anos e meio, as turbulências serão de
menor gravidade, e os acontecimentos ou tripulações permanecem
ocultos, sendo que poucos fatos vêm à tona. Nos bastidores
da história, secreta e ardilosamente, armam-se esquemas e tramas
que irão evoluir em grandes catástrofes nos anos seguintes.
No
segundo período, que terá início com a morte ou afastamento
do Papa João Paulo II, será oficialmente abolido o santo
sacrifício da missa, começando, a partir daí, a precipitação
dos graves acontecimentos. Vejamos o que diz Daniel: "No meio da
semana cessará o sacrifício e a oblação"
(Dn 9,27). Designa-se esse fato também como "abominável
desolação", expressão consagrada posteriormente
nos Evangelhos, onde Jesus acrescenta: "Quem ler o profeta Daniel,
procure entender" (Mt 24,15).
A
partir desse marco inicial - a supressão oficial do santo sacrifício
da missa -, que Jesus, em Suas atuais mensagens a Vassula, denomina "o
Meu sacrifício perpétuo", a situação
irá se agravando mais e mais. Começará pela abertura
dos sete selos, degenerando em catástrofes sempre maiores à
medida que se aproximam os derradeiros dias desses três anos e meio.
O
Apocalipse desenha o avanço do caos em três escaladas ou séries:
são os sete selos que se abrem, as sete trombetas que ressoam e
as sete taças derramadas. Não se trata de três conjuntos
sucessivos de fatos, e sim de três conjuntos de acontecimentos paralelos.
O número sete deriva provavelmente dos sete anos da grande tribulação,
mas não tem nexo algum com os sete anos propriamente ditos, já
que a maioria dos fatos indicados ocorre no final do sétimo ano.
O paralelismo se confirma, por exemplo, no sexto selo, sexta trombeta e
sexta taça: são três acontecimentos cruciais, praticamente
simultâneos, terríveis catástrofes situadas no período
final da grande tribulação. A identidade dos fatos é
nítida entre a sexta trombeta e a sexta taça, ao passo que
a abertura do sexto selo, que acontecerá "logo após
a tribulação daqueles dias" (Mt 24,29; Mc 13,24),
tem particular afinidade com a sétima taça.
A
causa, remota ou subjacente, de todos esses flagelos vem sendo incubada
de longa data, e sua eclosão - que é a grande tribulação
- representa apenas o entornar do caldo preparado no decurso de muitas
décadas e séculos. Em escala menor, o Apocalipse já
está acontecendo, especialmente desde a Segunda Guerra Mundial quando
a bomba atômica sobre Hiroxima (6/8/1945) e, logo depois, sobre Nagasaki,
deu o primeiro sinal de alerta de sua aproximação.
"O que aconteceu neste lugar [Nagasaki] poderá acontecer em breve em todas as partes do mundo", antecipa Maria ao padre Gobbi (3/6/1978).
Ela prossegue:
"Sou a Mãe de todos os povos. Olho para o coração das nações, a fim de colher as sementes do bem e fazê-las florescer no jardim do meu coração Imaculado. Assim poderei salvá-las em maior número, no momento da prova decisiva, quando algumas delas [nações] desaparecerão da face da terra" (2/10/80).
Como
acontecerá tudo isso? De maneira totalmente inesperada, como no
tempo de Noé: "Nos dias que precederam o dilúvio",
explica Jesus, "homens e mulheres comiam, bebiam e casavam-se,
até o dia em que Noé entrou na arca, e eles não tomaram
conhecimento de nada, até que veio o dilúvio e os engoliu
a todos. Assim acontecerá também por ocasião da volta
do Filho do homem. Dois estarão no campo: um será levado
embora e o outro deixado. Duas mulheres estarão moendo: uma será
levada e a outra deixada" (Mt 24, 38-41).
Comparemos
o texto acima com este outro de São Paulo: "Vós sabeis
muito bem que o dia do Senhor virá como um ladrão de noite.
Quando os homens disserem: "Paz e segurança!", então
repentinamente lhes sobrevirá a destruição, como as
dores à mulher grávida, e não escaparão"
(I Ts 5, 2-3). A mesma idéia vem retomada na Carta de São
Pedro: "O dia do Senhor virá como um ladrão. Nesse
dia os céus desaparecerão com um terrível estrondo,
os elementos abrasados pelo calor confundir-se-ão, e a terra, com
tudo quanto contém, será destruída" (II Pd
3,10).
Para
o mundo desprevenido e ocupado com suas coisas, aquele dia virá
totalmente de surpresa. Os homens irão, como diariamente o fazem,
para os seus trabalhos e diversões, justamente como nos dias de
Noé. E a sentença de Deus será proferida ali mesmo
onde se encontram.
Daí
o conselho de Jesus: "Cuidado para que os vossos corações
não fiquem pesados pela devassidão, embriaguez, preocupações
da vida, a fim de que esse dia não os pegue de repente, como uma
armadilha. [...] Vigiai, então, e rezai em todos os momentos, para
serdes dignos de escapar de todas essas desgraças e de vos apresentardes
com segurança diante do Filho do homem" (Lc 21, 34.36).
E Nossa Senhora ao padre Gobbi:
"A paz só pode chegar a vós pelo retorno da humanidade ao seu Deus, por meio da conversão, à qual neste meu dia ainda vos chamo, através da oração, do jejum e da penitência. Do contrário, no momento em que todos gritarem por paz e segurança, desabará de improviso a desgraça" (8/12/1987).
Sinais
precursores
Conforme
Jesus e o Novo Testamento em geral, aquele dia e aquela hora serão
precedidos por determinados sinais e acontecimentos que permitirão
reconhecer a sua proximidade. Quais eles seriam?
O
primeiro é a introdução dos povos pagãos na
salvação messiânica de Jesus. Até a morte de
Cristo, só o povo judeu professava a fé num único
Deus. Agora, porém, o Deus de Israel é proclamado aos povos
do mundo inteiro e, juntamente com ele, a boa nova da morte e ressurreição
de Cristo. O Novo Testamento, considera esse anúncio a todos os
povos como o processo mais importante do tempo, que o mundo conheceu. Os
povos tomam consciência de que há um só Deus e um único
Salvador, Jesus Cristo. Antes do segundo advento, "é necessário
que o Evangelho seja pregado a todas as nações"
(Mc 13,10), pois Deus quer "que todos os homens se salvem e cheguem
ao conhecimento da verdade" (I Tm 2,4).
A
Carta aos Efésios chama a inclusão dos gentios na salvação
de Cristo de "mistério" que "em outras gerações
não foi manifestado aos homens", mas "agora é revelado
pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas, isto
é, que os gentios são co-herdeiros conosco e participantes
da promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho" (Ef 3,3-6).
Outros
sinais, porém, são menos agradáveis. Jesus anuncia
que, antes da Sua volta, haverá um "crescimento da iniqüidade"
(Mt 24,12). "A iniqüidade", explica Mussner, "é
aquela que não se importa mais com as leis de Deus, principalmente
como elas se encontram nos dez mandamentos". "Onde se manifesta
hoje essa iniqüidade?" pergunta. E responde, citando uma série
de situações mais graves, como o número crescente
de adultérios e a grande quantidade de casamentos sem compromisso,
que hoje ultrapassa as dezenas de milhões no mundo inteiro. A iniqüidade
se manifesta de modo particular no assassínio de milhões
de inocentes no seio materno, o que revela que a consciência moral,
em grande parte, já foi destruída! "Quem ainda consulta
sua consciência no campo econômico? Não se pode negar
que a "iniqüidade" está realmente dominando."
Mussner
continua desafiando o triste rosário da iniqüidade avassaladora:
1º)
A expulsão de muitos milhões de pessoas de suas pátrias.
O nosso é o "século dos fugitivos". Os campos de
refugiados, que estamos acostumados a ver nos noticiários, que o
digam.
2º)
A opressão dos pobres e dos famintos, em grande parte da terra,
com os quais Jesus se identificou: "Em verdade vos declaro: Todas
as vezes que deixastes de o fazer a um destes pequeninos, foi a mim que
o deixastes de fazer" (Mt 25,45).
3º)
A repressão da liberdade, da fé e da consciência em
diversos lugares da terra, não podendo negar-se que também
a Igreja tem muita culpa, quando pensamos nos terríveis tempos da
Inquisição e da caça às bruxas.
4º)
O abuso do poder político, como já aconteceu inúmeras
vezes na história - a história universal é sobretudo
uma história do abuso inescrupuloso do poder. Ele alcançará
o seu cume na gestão do anticristo.
5º)
A propagação da pornografia, através da televisão,
vídeos, filmes e revistas, onde até as mais vergonhosas perversões
são vendidas como artigos de primeira necessidade - venda feita
por um grupinho de comerciantes que faturam milhões. A esse grupo
pertencem também os corruptores de menores, através do desencaminhamento
dos meios de comunicação. E a destruição sistemática
da consciência moral dos povos.
Na
mesma ocasião em que Jesus falou sobre o crescimento da iniqüidade,
também disse que nos últimos dias "o amor de muitos
arrefecerá" (Mt 24,12). Embora não possamos negar
que existem na sociedade atual autênticos sinais de amor, um egoísmo
crasso toma conta das pessoas, uma preocupação exagerada
consigo próprias, falta de tomada de consciência da fome que
se espalha pelo mundo e que tem como um dos resultados a morte diária
de quarenta mil crianças por desnutrição. Só
no Brasil se fala na morte de uma criança por minuto.
A
grande apostasia
Outro
sinal mencionado pelo Novo Testamento como indicador do fim dos tempos
é a grande apostasia, isto é, uma perda geral da fé,
um esfriamento generalizado da fé. São Paulo advertia expressamente
a comunidade de Tessalônica a não pensar que "o dia
do Senhor estivesse perto [...] antes deve vir a apostasia" (II
Ts 2,2.3). "Com isso" explica Mussner, "quer-se dizer uma
apostasia mundial de Deus, a propagação mundial do niilismo,
do existencialismo absurdo e do ateísmo. Já ninguém
mais se importa com o Criador nem com o Redentor. Deus é declarado
morto. As pessoas chegam a se vangloriar de terem rompido com Ele".
Essa
apostasia está ligada à iniqüidade: "Antes,
deve manifestar-se o homem da iniqüidade, o filho da perdição,
o adversário, aquele que se levanta contra tudo o que leva o nome
de Deus, ou o que se adora, a ponto de tomar lugar no templo de Deus e
apresentar-se como se fosse Deus" (II Tm 3,1-4). A descrição
calha perfeitamente ao mundo de hoje.
A
todos esses fenômenos, Mussner acrescenta a deterioração
da criação. Na Carta aos Romanos, vemos que também
a criação "espera ser libertada da escravidão
da corrupção" à qual foi submetida, para,
por ocasião da volta do Senhor, "participar da gloriosa
liberdade dos filhos de Deus. Pois saberemos que a criação
inteira geme e sofre como que as dores de parto até o presente"
(Rm 8, 21-22).
"O
que o Apóstolo, na sua época", prossegue Mussner, "pensou
ao escrever isso, não sabemos. Mas nós, homens do século
XX, conhecemos sempre mais esse "gemido" da criação
pelos riscos que lhe preparamos. Lembro apenas a poluição
do meio ambiente, a destruição das florestas, o armamento
mundial que pode destruir muitas vezes a terra. Não poderia ser
tudo isso um sinal do fim próximo? "
Vejamos
o que mais diz a Bíblia sobre a grande apostasia: "Muitos
perderão a fé e se atraiçoarão uns aos outros"
(Mt 24,10). "Nos últimos tempos, virão escarnecedores
cheios de zombaria e dirão: "Onde está a promessa da
sua vinda?"" (II Pd 3,3-4). "No fim dos tempos virão
impostores, que viverão segundo suas ímpias paixões;
homens que semeiam a discórdia, homens sensuais que não têm
o Espírito" (Jd 18-19). Não escapam os próprios
sacerdotes, segundo Maria ao padre Gobbi:
"Quantos são hoje os sacerdotes que se tornam vítimas de muitos erros. Estes são ensinados, difundidos, propagados, sob a forma de novas interpretações culturais de verdade [...], afastando grande número de meus filhos da verdadeira fé. Os vossos tempos são preditos pela Sagrada Escritura: surgem hoje muitos falsos mestres, que ensinam fábulas e afastam os fiéis da verdade do Evangelho" (8/9/1992).
Quatro anos antes, ela já tinha advertido:
"A hora da grande apostasia chegou. Está-se realizando tudo quanto foi predito pela divina Escritura, na Segunda Carta aos Tessalonicenses. [...] Essa grande apostasia difunde-se cada vez mais, também no interior da Igreja Católica. [...] O Papa não é mais escutado, e sim publicamente criticado e escarnecido. [...] Nestes tempos permanecerá na Igreja católica um "pequeno rebanho", que será fiel a Cristo, ao Evangelho e a toda a verdade" (11/6/1988).
O
ninho das serpentes
Este
mundo materialista e ateu começou a instalar-se nos tempos modernos,
inicialmente circunscrito a pequenos grupos, fruto do racionalismo, do
positivismo e do materialismo, sepultando verdades e valores construídos
em milênios de cultura e de civilização. Mas o agravamento
e a universalização dessa onda profana começou após
a Segunda Guerra Mundial, mais atentamente a partir da década de
1960, espalhando-se rápida pelo mundo.
As
primeiras vítimas foram a infância e a juventude, fazendo
com que templos antes repletos de fiéis entrassem a esvaziar-se,
a começar pelos países do primeiro mundo. São raros
os casos de reação bem-sucedida contra essas ondas profanadoras,
como seja a revolução islâmica do Irã. Na maioria
dos templos da terra não se verifica mais a presença da juventude
e de escolares; seus espaços ficam sempre mais vazios, somente ocupados
por pessoas de idade, que representavam a velha guarda fiel. Quando também
esta falhar por falta de renovação ou esgotamento, os templos
fecharão, o que vem acontecendo na maioria dos países do
primeiro mundo e já começa a acontecer no Brasil e na América
Latina.
A
doutrina religiosa não exerce mais influência sobre a grande
maioria de jovens, vítimas das ondas nefastas que se propagam por
toda a parte. Para eles, Deus e a eternidade já eram, são
coisas ultrapassadas. Para agravar esse mal, surgem por toda a parte os
pretensos sábios deste mundo que, acossados pela soberba do racionalismo,
forjam teorias infundadas e gratuitas, espirituais da humanidade. E realmente
os destroem porque, diante das frustrações e ilusões
crescentes do mundo atual, essas teorias, por mais exóticas que
sejam, são festejadas como importantes descobertas, logo transformadas
em gritos de liberdade contra Deus e contra Seus mandamentos.
Então
os ídolos tomam conta, configurando os adoradores da besta. O dragão
vermelho (satã) e a besta negra jogam com os mais variados meios
para iludir e tumultuar a humanidade: drogas, sexo, violência, assalto,
seqüestro, terrorismo, corrupção, profanação,
descrença, impiedade - todas as forças que nenhum poder humano
consegue mais controlar. É o triunfo da apostasia sobre os valores
divinos e humanos. A própria Igreja foi assolada por essa onda de
apostasia.