Abordamos,
finalmente, os múltiplos testemunhos do próprio Jesus, mencionados
no Evangelho. "Em verdade, em verdade vos digo: Vereis o céu
aberto e os anjos de Deus subirem e descerem sobre o Filho do homem"
(Jo 1,51). É esse o primeiro anúncio de Jesus, poucos
dias após o batismo "o céu se abriu, e o Espírito
Santo desceu na forma corporal de uma pomba, pairando sobre Ele; e uma
voz do céu dizia: ' Tu és o meu Filho bem-amado, no qual
encontro toda a minha satisfação' " (Mt 3,16-17;
Mc 1,10-11; Lc 3,22).
Primeiro
anúncio: o final dos tempos (morte, ressurreição,
arrebatamento)
Foi
feito por Jesus, mais de um ano e meio após o início do Seu
ministério público. Logo depois da promessa do primado a
São Pedro e da predição clara da Sua futura paixão
e ressurreição Ele disse às multidões: "Se
alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome diariamente
a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá,
mas quem quiser perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, a salvará.
Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que
valor daria em troca de sua alma ou de sua vida? E quem no meio desta geração
adúltera e pecadora se envergonhar de mim e de minhas palavras,
também o Filho do homem se envergonhará dele quando voltar
na glória do seu pai e de seus anjos. Pois o Filho do homem há
de voltar na majestade do seu Pai com seus anjos, e então dará
a cada um segundo suas obras" (Mt 16,24-27; Mc 8,34-38; 9,1; Lc
9,23-26 - em forma de harmonia).
As
multidões e os discípulos, após ano e meio de pregação
do Evangelho, já estavam suficientemente preparados para tão
importante anúncio, bem como para aquilo que Jesus solenemente acrescentou:
"Em verdade vos digo que entre os aqui presentes [por ocasião
da volta de Jesus], haverá alguns que não experimentarão
a morte até que vejam o esplendor do reino de Deus e a vinda do
Filho do homem no seu reino" (Mt 16,28; Mc 9,1; Lc 9,27 - em forma
de harmonia).
Jesus
aqui fala abertamente da Sua segunda vinda e de alguns dos prodígios
que deverão acontecer. Esse pronunciamento deve ser interpretado
à luz dos textos paralelos da Bíblia. Em primeiro lugar,
a transfiguração do corpo mortal em corpo glorioso e imortal.
A explicação encontra-se em I Cor 15,25-50, onde São
Paulo acrescenta: "Eis que vos revelo um mistério: nem todos
morreremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar
de olhos, ao som da última trombeta (pois a trombeta soará).
Os mortos ressuscitarão e nós seremos transformados"
(I Cor 15,51-52). A mesma coisa encontramos quando ele fala que, por ocasião
da vinda do Senhor, os vivos não levam nenhuma vantagem sobre os
mortos, mas os que já morreram em Cristo têm preferência
sobre os que ainda vivem. Dentre estes, alguns serão arrebatados,
sem passar pela morte (cf. I Ts 4,15-16): "Depois nós, os
vivos, os que então estivermos na Terra, seremos arrebatados juntamente
com eles [os mortos ressuscitados] sobre as nuvens ao encontro do Senhor
nas alturas, e assim estaremos para sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos
uns aos outros com estas palavras" (I Ts 4,17-18). Alguns serão
arrebatados, conforme Jesus. São Paulo não diz que todos
seremos arrebatados.
A
ressurreição, por ocasião da vinda de Jesus, é
também de alguns, ou de muitos, conforme Daniel 12,2 e Apocalipse
20,4-6, onde se fala da primeira ressurreição, sendo que
os não ressuscitados ressurgirão na segunda ressurreição.
Mais
tarde, na Transjordânia, Jesus continuou a ensinar nos domínios
do rei Herodes Antipas, o mesmo que executou João Batista. Na "Parábola
das dez virgens" (cf. Mt 25, 1-13), Ele faz uma nítida alusão
à Sua futura vinda, como Esposo das almas. "À meia-noite
ressoou um grito: 'Eis que vem o esposo; ide ao seu encontro' "
(Mt 25,6). Na mesma região também propôs e explicou
a "Parábola do joio" no meio do trigo (cf. Mt 13,24-30.36-43),
que trata igualmente da Sua vinda no fim dos tempos (não fim do
mundo) quando se cumprirão as profecias sobre o Reino. Como o joio
é separado do trigo, assim também os ímpios serão
condenados, e "os justos brilharão como o sol no reino de
Deus" (Mt 13,43) ou "como estrelas no firmamento, num
perpétuo esplendor" (Dn 12,3).